sexta-feira, 29 de maio de 2009

Algemado lá vou eu para a feira do livro dar uns autógrafos e falar das minhas conversas com deus

e todo um mundo bipolar de patetices dirão uns diarreia mental dirão outros sobre o meu estúpido trabalho que ninguém respeita nem lê dizem que as vendas vão dando para o prejuízo e claro falar mal de alguns colegas de ofício deste santo ofício de dizer escrever a verdade e de ter uma ligação aos patéticos problemas do nosso pequeno mundo bem muito bem contem comigo mas só vou algemado e com uma máscara só assim me sinto bem fora do meu meio-ambiente natural a realidade  só assim me sentirei capaz de estar umas horas  aberto ao público que não tem tempo para ler mas que compra livros nem que seja para os mandar para o lixo e é com agrado que muitos dos meus livros têm aparecido nos aterros sanitários tal como foram adquiridos repito em bom estado de conservação repito ainda com o preservativo o que é óptimo depois deste retirado estará como novo mas não são só os meus mas também os dos meus colegas bem é bom saber que junto a cada aterro sanitário está a nascer uma biblioteca a minha vinda ao mundo já teve alguma utilidade tanto mais que uma outra tem o meu nome e em breve segundo agendou Nobel exige a minha presença  estão há espera de que a população saiba ler e escrever através das novas oportunidades para que o diálogo seja possível 

 

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Ponto final parágrafo o monstro seduz-nos desajeitadamente pelo vazio da nossa época alguém sai do escuro e não pára de tossir e admite apesar de tudo que somos todos testemunhas do impossível está a corrigir as provas de uma biografia não autorizada dum homem de bem e onde é desenvolvida uma narrativa recheada de factos comprovados por documentos devidamente fundamentados tem de novo um ataque de tosse não pode adiantar mais nada dado o carácter deontológico da sua actividade nas entrelinhas dá para entender que o dito homem de bem não passará de um monstro e volta de novo a dissolver-se no escuro

 

Nobel lembra-se desta personagem comum a todo aquele que vê e que se rodeia por todos aqueles que olham e a cegueira exerce-se para lá dos limites do finito mas para cá do indizível e se a morte essa vaca nos reúne para lá dos limites dentro do segredo da sua visibilidade o poeta retalha com a faca dessa experiência demoníaca e que a fé domestica a caminho da montanha lendo os mais recentes livros de auto-ajuda «porque cada um de nós, nós todos, no segredo das nossas vidas, estamos sozinhos na criação de nós próprios, através de obras, cujo desejo nasce das nossas histórias únicas.» N. Jeammet

 

Levanto-me para apanhar uma cereja não é uma cereja mas um berlinde um olho de vidro chamo pelo revisor de provas que sai imediatamente do escuro e sim o olho de vidro é dele já o tinha dado como perdido voltou a esconder-se na criação da sua solidão