quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Estamos todos no fim no fim da teoria no fim da história e no fim de todos os fins onde os impossíveis infinitos entram em contradição com os seus programas unidirecionais para que se confunda progresso abismo e utopia o efeito borboleta da nossa impossibilidade de ter fim faz com que assassinemos o outro para melhor sobrevivermos ao nosso fim todos sofremos de intelectualidade mórbida ao teorizarmos sobre o nosso insubstituível fim

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

um leitor amigo enviou-me esta foto duma inscrição numa caixa de luz numa das ruas desse portugal mesquinho
medíocre
e da velha sacristia fascista
cada vez mais visível
nos dias de hoje

em que o filho do homem
vai dar à luz
o humano demasiado humano

nasce-se artista
e morre-se humano
demasiado

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

aproxima-se o dia em que religiosamente regressámos ao útero materno e é ver-nos aos empurrões e carregados de tédio nos grandes armazéns do vazio

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

estou todo sujo
A linguagem distancia-nos da língua e esta da escrita que no quarto ao lado não pára de gritar sim a quem a ouve pela primeira vez mais lhe parece um gemido de prazer e adora esta sensação de ser invadido por uma língua de fogo língua ou pássaro com as asas a arderem ou uma bala que é em síntese uma metáfora horrível como todas as imagens assassinas
Depois de alguns meses estes gemidos mais nos parecem pedidos de socorro de quem foi enterrado vivo primeiro mais tipo amordaçado na mala de um carro é claro que entra anos depois em delírios auditivos vulgo ouvir vozes de todos os nossos actos assassinos e toda uma invasão de escrituras sagradas e o bloqueio inicia-se acompanhado por gargalhadas
Seguidamente começamos a falar com deus pensando que estamos a falar com Deus mas falamos com o seu assessor o acesso directo ao silêncio e a loucura é a sua assessora informa-nos que somos persona não grata bode expiatório dessa experiência demoníaca que é escrever como renúncia ao silêncio.


É em silêncio e com um velho e patético sorriso de Gioconda que vejo e ouço Europa a cantar o fado em esperanto junto à Torre de Belém
é bom ver-te a lavar-me o cérebro com essas mãos ensanguentadas de ternura e lucidez
meu amor

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

não consigo fazer copy e paste Nobel foi passar o natal a casa e já não consigo olhar para ti
olha uma formiga mais um factor de deflação dado que não hibernaram olha e canta deve ser do efeito estufa
hoje aqui na página em branco tomámos todos tomiflu