segunda-feira, 1 de novembro de 2010

o Ano da morte de Lobo Antunes, António

ao contrário dos críticos literários acredito plenamente o António está cada vez melhor escritor e a pertença sua a cerebral morte do romance que tal com deus está sempre a renascer das cinzas direi abusivamente mais das entranhas do homem que é tal crocodilo a tentar sobreviver nos seus próprios delírios sonhos pesadelos e toda essa imundice consciente que acumulamos na alma ao longo da vida na recente entrevista foi bom vê-lo a cofiar a morte como se fosse um gato em adiantado estado de decomposição

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

O polvo Paul

é triste o que se passa em Portugal meio literário incluido a Europa e todas as suas deprimentes instuições conseguiram transformar Portugal num caixote de lixo mas sem lixo onde a classe média deposita em saquinhos a honrar a defesa do ambiente do lixo europeu que obriga moralmental cada bom chefe de família a despejar lixo uma vez por dia mesmo que não o tenha que terá obrigatoriamente se não não é uma família europeia...um exemplo você sai de casa com um saco do lixo vazio claro com as mãos dentro de luvas protectoras e aproxima-se do fiel caixote que feda nausebundamente é um neologismo que o obriga a vomitar dentro do saco e claro a depositá-lo no caixote como quem hasteia a bandeira nacional claro que também as luvas...não muito longe dali no quarteirão todo ele feito como condomínio fechado há porrada da velha entre duas irmãs que bulheiam pelo mesmo vestido e par de sapatos agulha à Sarkosy...num outro é possível observar e  ouvir uma velha senhora a vasculhar e a insultar o estado daquelas roupas contrafeitas sem botões e por vezes rotas e tal bruxa analizando as fezes do seu país...antigamente eram presos todos os desgraçados que deitavam pró lixo roupas em tal estado...e torturados até à morte...e...depois enterrados vivos e nus que de luxos o morto não precisa... 

terça-feira, 12 de outubro de 2010

o sr. Desassossego já não acrescenta mais nada

há quem diga outros acreditam mesmo que os mortos são mais activos à noite a minha infernal experiência e escrevo isto com sentido de humor mas sem querer ser cínico não tem passado dessa brincadeira infantil que é andar ao sabor do brinquedo imaginem um parque infantil onde as crianças brincam dispersando-se por vários objectos a tentar usufruir os seus limitados instintos e se quando velho olhava o estúpido movimento das nuvens há procura de um fio condutor para que a injustiça não fosse praticada com prazer continuo a não saber transmitir outra coisa senão a revolta impotente de todo o meu desassossegado trabalho onírico ao ver o sr. Desassossego a deambular à volta do lugar comum de toda a tarefa literária os mortos também se revoltam

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

a Literatura e os cães

Vargas Llosa acaba de entrar todo jovial mais me parecendo o Alejandro Mayta nem de propósito e agora que tenho mais tempo para ler direi reler e só o faz quem lê nem de propósito escrevia eu que tinha começado a reler este fabuloso texto que é História de Mayta que narra via inquérito a vida do trotskista acima citado que intentou contra um Perú degradado e sombrio
à sua maneira e desde a Cidade e os Cães tem sido um piloto literário e digo-o por ter chegado cá no seu avião particular em voos picados e tangentes contra a estupidez humana
já sei que muitos cães já estão as rosnar na imensidão da página em branco
Nobel ajuda-o a transportar o saco de golfe

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

oitenta milhões de pobres

a europa não tem vergonha na cara come carne de canhão veste-se made in china e alimenta com comida dos ratos todas as vitimas da fome

terça-feira, 21 de setembro de 2010

os abutres vasculham poeticamente as minhas cinzas

aqueles que pelas costas e nas entrelinhas teorizaram a minha literária  mediocridade começam a vir a lume com as suas lágrimas de crocodilo tal sete cães a um osso dando razão à cadela da Agustina Bessa Luís aqueles que mais choram no vazio provocado pela tua ausência são os mesmos que pelas costas te esfaquearam

sábado, 18 de setembro de 2010

apesar das cinzas gosto de me voltear no túmulo

sexta-feira, 11 de junho de 2010

está tudo pela hora da morte aqui na feira do livro suportado pelo Nobel cá me arrasto entre derivados do livro e de toda uma fogueira de mediocridades que todos me olham como se fosse um monstro na Leia o Lobo Antunes sacode as moscas que entre autógrafos e gritinhos pedem conselhos conjugais na Porto editora o homem Dicionário justificativa-se carregado de lentes de contacto perante as feras as criancinhas que lhe atiram com as pernas de pau depois de devidamente lambidas

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Ouço vozes diz-me com um sorriso inútil há uns tempos que tal caçador de borboletas tento uma apanhar neste jardim de ilusões desfeitas e sonhos que a ciência recusa interpretar por estar sem
tempo tal como nós está a morrer e não tem vergonha de mostrar a sua impotência para a mais pequena e inútil questão humana ao contrário do escritor o cientista faz o cálculo das suas descobertas através da análise do cadáver do escritor

quarta-feira, 24 de março de 2010

A VÃ GLÓRIA DO POEMA

a lucidez não entra em flor
é matéria negra visível no invisível e impossível de usufruir
cedo ou tarde acontece
a máquina do tempo
abandona
o ser
como a cobra
abandona a sua pele
o limite que se alcança ao escrever é o de alguém que evita ser devorado pela máquina do tempo

segunda-feira, 15 de março de 2010

Um dia destes dou-te um tiro fala-me apontando-me a minha própria pistola o meu próprio Eu estou a sonhar o meu alter ego chora não quer morrer

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

A televisão é o meu caixão a minha máquina sem tempo agora reduzida a plasma onde as figuras se reduzem a caveiras de tal maneira que ontem num enorme plasma vejo imagens dos nossos conselheiros de estado reunidos à volta do nosso país eternamente cadáver e todos eles me parecem animadores felizes desse monstro que é o capital reduzido à autojustificação e sorriem como se estivessem a ser pagos para fazerem o favor de serem felizes e com soluções para os últimos dias do humanismo com rosto humano numa casa de repouso que é Europa que foi submetida a uma operação de seis horas onde foi instalada uma banda gástrica para poder continuar a admitir na sua alcova os sapos lusos espanhois e gregos que bonito seria vê-los a acenarem com a bandeira nacional para os abutres que sobrevoam o meu cérebro dentro de um crânio de video

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Musa mostra-me a prova de sangue de que está grávida e não quero acreditar uma musa grávida ponto de interrogação não quero acreditar és tu Nobel fumaste erva e quando o fases começas a vestir a roupa da tua mãe sim é verdade caro leitor desculpem esta inconfidência mas tenho que ter a certeza que esta vaca está grávida mas ele não me responde logo tento esclarecê-los que com esta idade mas tenho que acordar e onde é que coloquei a arma mais um ponto de interrogação entre muitos olha entre eles cá está ela aprendi com os gajos da pide que me interrogavam intimidando-me com uma pistola e agora cá estou eu a fazer esse lindo serviço com a minha consciência e começo a disparar em todas as direcções do romance como um possuído ou bloqueado perante a morte tendo como banda sonoro o choro de um recém-nascido e acordo entre pontos de interrogação e com um recém-nascido do tamanho do livro do desassossego espera lá estou a sonhar com o Fernando Pessoa disfarçado de minha Musa e acorda-me atirando-me um recém-nascido de cilicone e continuo a disparar contra a Musa que tal aranha subiu ao tecto e desfaz-se em bébés sobre mim é ela a vaca aqui do meu lado que pensa que sou pedófilo e encomendou semelhante bruxedo onde se meteu o Nobel ponto de interrogação

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

o futuro está no desespero e não há melhor condição do que cruzar os braços perante a tragédia

e ligar o número de apoio se não estou enganado são 0,60 cêntimos mais iva

e Deus dá à luz

mais um sobrevivente