sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A linguagem distancia-nos da língua e esta da escrita que no quarto ao lado não pára de gritar sim a quem a ouve pela primeira vez mais lhe parece um gemido de prazer e adora esta sensação de ser invadido por uma língua de fogo língua ou pássaro com as asas a arderem ou uma bala que é em síntese uma metáfora horrível como todas as imagens assassinas
Depois de alguns meses estes gemidos mais nos parecem pedidos de socorro de quem foi enterrado vivo primeiro mais tipo amordaçado na mala de um carro é claro que entra anos depois em delírios auditivos vulgo ouvir vozes de todos os nossos actos assassinos e toda uma invasão de escrituras sagradas e o bloqueio inicia-se acompanhado por gargalhadas
Seguidamente começamos a falar com deus pensando que estamos a falar com Deus mas falamos com o seu assessor o acesso directo ao silêncio e a loucura é a sua assessora informa-nos que somos persona não grata bode expiatório dessa experiência demoníaca que é escrever como renúncia ao silêncio.


É em silêncio e com um velho e patético sorriso de Gioconda que vejo e ouço Europa a cantar o fado em esperanto junto à Torre de Belém

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