quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O meu país em câmara ardente sob o seu imenso manto de nevoeiro a minha língua e rio de suicidas quando o olho é a morte que penso ver um moribundo observa outro tudo indica que vem ter comigo expulso das instalações Nobel com uma desculpa estúpida e fecho-me à chave e pego no revólver e acompanho os seus movimentos em minha direcção arrasta consigo a comunicação social a sua sombra do poder o serviço público uma serpente ao serviço ao serviço dos mais baixos desígnios confirmo se a porta está bem fechada de novo à janela como se nada fosse abro-a e inspiro todo este Inverno que me cospe discursos infantis e vozes inquiridoras sem sentido até quando suportar estas iluminações doentias boa pergunta o que é que se pode fazer com uma boa pergunta a filosofia está cheia delas a religião responde no meio da sua floresta está feita de respostas que fazem da minha crença um olhar clínico sou um cidadão sem mundo como muitos sem abrigo que deambulam nessa floresta em busca de sentido a minha pátria é a sua parideira essencial Nobel bate à porta em voz alta dispenso momentaneamente os seus serviços diz-me que está a acompanhado coloco a mão fora da janela e disparo para o ar várias vezes e repito que quando estou a escrever não quero ser incomodado e observo um corpo a voar pela minha janela abaixo aproximo-me incrédulo e vejo um corpo a estatelar-se olho para cima e nada como seria de esperar pois acima de mim ninguém vive pois não me é possível suportar o que quer que seja sobre mim traumas do fascismo dirão a porta abre-se estrondosamente Nobel pergunta se estou bem sim claro não passou de um pesadelo apenas e só não tenho tido outro comportamento que desenrolar o novelo humano das suas frustrações perante o silêncio dos homens acabo de matar uma divindade ou um pássaro a resposta é uma pergunta porque é que se fecha por dentro bela pergunta alguém que aparece detrás de Nobel e com ar de colegial não pára de me questionar sempre impedida de entrar por Nobel porque é que não vai dar um passeio está um dia tão bonito propício ao discurso poético e todos os seus enigmas que o Inverno sugere foi o que eu pensei repondo-lhe simpático a esta estagiária duma faculdade de letras Nobel torce o nariz já não suporto o meu cheiro
Desculpe
Não tem importância mas só lhe fazia bem apanhar um pouco de ar
Tem toda e razão
Torno a fechar a porta e aproximo-me da janela para a fechar e vejo alguém a levantar-se do chão e fazer-me manguitos

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